Nas terras britânicas, o século XIX é lembrado principalmente
como Era Vitoriana, por conta da Rainha Vitória, coroada em 1837.
Foi um período de prosperidade da aristocracia e da
burguesia inglesa, devido ao desenvolvimento de tecnologias, de novos métodos
de trabalho e, claro, da mão-de-obra barata composta por adultos e crianças que
viviam na miséria quase absoluta. O país começou a se urbanizar por conta,
justamente, da indústria; eram necessários trabalhadores - pessoas que antes
viviam no campo migraram -; por causa da migração e da circulação de produtos,
foi preciso a implantação e melhoria do sistema ferroviário; devido à massa que
havia se instalado nas cidades, era preciso a construção de novas moradias; e
assim por diante.
O desenvolvimento da potência inglesa gerou os chamados ricos
emergentes, aqueles sem sangue nobre, mas com capital o suficiente para
serem queridos pela classe alta...>:D
Bom, na realidade não era bem assim... Mesmo na alta sociedade, os novos ricos não eram necessariamente mais valorizados que a verdadeira nobreza, justamente por terem surgido "do nada". Eram homens que obtinham sucesso com suas fábricas, acumulando capital para adquirir propriedades e bens, além de comprar as suas "entradas" para o restrito círculo social abastado.
A aristocracia inglesa (dos nobres e emergentes) é curiosa o suficiente para se estudar seu comportamento. Como já é sabido, a Inglaterra vivia, na Era Vitoriana, um período de bastante repressão (sexual inclusive), em que a "moral", os "bons costumes" e a "religião" eram exaustivamente evocados.
Bom, na realidade não era bem assim... Mesmo na alta sociedade, os novos ricos não eram necessariamente mais valorizados que a verdadeira nobreza, justamente por terem surgido "do nada". Eram homens que obtinham sucesso com suas fábricas, acumulando capital para adquirir propriedades e bens, além de comprar as suas "entradas" para o restrito círculo social abastado.
A aristocracia inglesa (dos nobres e emergentes) é curiosa o suficiente para se estudar seu comportamento. Como já é sabido, a Inglaterra vivia, na Era Vitoriana, um período de bastante repressão (sexual inclusive), em que a "moral", os "bons costumes" e a "religião" eram exaustivamente evocados.
"O lugar da mulher é a casa."
Naquele período, a idéia principal que se tinha sobre a função feminina era essa. O que era exigido a uma aristocrata dessa época? Ser capaz de fazer algumas tarefas domésticas (para as que tinham servos, sinal de status, fazer trabalhos da casa não era tão necessário), de cantar, tocar algum instrumento e falar um pouco de francês ou italiano (o latim e o grego eram consideradas línguas masculinas). As qualidades principais de uma moça seriam a inocência, a responsabilidade, a virtude e a fidelidade. As garotas eram criadas desde pequenas com a intenção de se tornarem "casáveis", ou seja, de serem capazes de manter a atmosfera familiar leve (não criarem perturbações para seus maridos), sendo quase que completamente ignorantes em assuntos políticos, econômicos e sociais, e, ao mesmo tempo, altamente dependentes de seus cônjuges, incapazes de fazer uma escolha que não fosse relativa à casa e à família.
As moças ricas passavam a maior parte de seu tempo lendo, bordando, visitando, recebendo visitantes, escrevendo cartas e indo a eventos sociais para acompanhar o marido ou simplesmente para fazer parte da sociedade - atividade que elas, aliás, começavam aos 16/18 anos após a festa de apresentação ao meio (o mesmo "debut" que ainda é feito hoje), significando que elas já estavam prontas para um possível casamento.
Aliás, uma curiosa atividade (citada ali acima) eram as chamadas visitas. Uma vez que as mulheres ricas não trabalhavam, restava a elas, entre às 3:00 e 6:00 da tarde as ditas "morning calls" ("visitas da manhã"), em que se ía a várias casas em um curto período de tempo levando os seus "cartões de visita" para anunciar a presença. Quando a anfitriã não desejava por algum motivo receber pessoas, ela simplesmente mandava seu empregado dizer que "não estava em casa", uma maneira educada (convenção) de dizer "Tenho mais o que fazer", ou "Estou sem saco para conversar" ou ainda "Você não é bem-vinda na minha casa"... :)
Naquele período, a idéia principal que se tinha sobre a função feminina era essa. O que era exigido a uma aristocrata dessa época? Ser capaz de fazer algumas tarefas domésticas (para as que tinham servos, sinal de status, fazer trabalhos da casa não era tão necessário), de cantar, tocar algum instrumento e falar um pouco de francês ou italiano (o latim e o grego eram consideradas línguas masculinas). As qualidades principais de uma moça seriam a inocência, a responsabilidade, a virtude e a fidelidade. As garotas eram criadas desde pequenas com a intenção de se tornarem "casáveis", ou seja, de serem capazes de manter a atmosfera familiar leve (não criarem perturbações para seus maridos), sendo quase que completamente ignorantes em assuntos políticos, econômicos e sociais, e, ao mesmo tempo, altamente dependentes de seus cônjuges, incapazes de fazer uma escolha que não fosse relativa à casa e à família.
As moças ricas passavam a maior parte de seu tempo lendo, bordando, visitando, recebendo visitantes, escrevendo cartas e indo a eventos sociais para acompanhar o marido ou simplesmente para fazer parte da sociedade - atividade que elas, aliás, começavam aos 16/18 anos após a festa de apresentação ao meio (o mesmo "debut" que ainda é feito hoje), significando que elas já estavam prontas para um possível casamento.
Aliás, uma curiosa atividade (citada ali acima) eram as chamadas visitas. Uma vez que as mulheres ricas não trabalhavam, restava a elas, entre às 3:00 e 6:00 da tarde as ditas "morning calls" ("visitas da manhã"), em que se ía a várias casas em um curto período de tempo levando os seus "cartões de visita" para anunciar a presença. Quando a anfitriã não desejava por algum motivo receber pessoas, ela simplesmente mandava seu empregado dizer que "não estava em casa", uma maneira educada (convenção) de dizer "Tenho mais o que fazer", ou "Estou sem saco para conversar" ou ainda "Você não é bem-vinda na minha casa"... :)
Para os homens, as esposas praticamente existiam
para a função da reprodução, companhia de eventos sociais e administração do
lar. O máximo de capacidade que elas deveriam ter era a de incutir a chamada
moral na cabeça dos filhos, a de demonstrar autoridade perante os empregados e
a de manter o nome da família sempre bem falado na alta sociedade.
De maneira extremamente hipócrita, eles exigiam que elas se mantivessem fiéis - ainda que, sabidamente, tivessem amantes para esperá-los nos "Clubes de Cavalheiros". :P
De maneira extremamente hipócrita, eles exigiam que elas se mantivessem fiéis - ainda que, sabidamente, tivessem amantes para esperá-los nos "Clubes de Cavalheiros". :P
"Too Early" por James Tissot.
Uma das várias maneiras de se demonstrar status social era
através da casa. As casas vitorianas da aristocracia eram
normalmente grandes, mas, por fora, não era tão evidente a ostentação quanto
por dentro. Os seus moradores costumavam ornamentar cada centímetro da parede
com papéis estampados, quadros e tapeçarias. Fora a parede, os móveis
costumavam ser pesados e cheios de... hmmm... "frescura" (não
encontrei palavra melhor :D) - além de cobertos por estatuetas, bibelôs,
porta-retratos, potes, tecidos e caixinhas. Toda essa parafernalha para
demonstrar refinamento e bom-gosto criava ambientes geralmente escuros e
opressivos. Mas demonstrava status...:P
Outro termômetro "statonômico" (tá, acabo de tentar criar um neologismo com a palavra status... x___X) era a quantidade de servos e empregados. Dentro de uma única casa rica podia existir vários deles, em grupos com funções específicas (limpar, cozinhar, dirigir as carruagens/carros, fazer a jardinagem, receber os visitantes, servir...). Para as garotas, era comum existir uma empregada especial, encarregada de ajudá-la a se vestir e despir (naquela época algo complicado pela moda), entre outras coisas. Além dessa, as moças podiam ter uma serva que exclusivamente as acompanhavam nas festas - essas geralmente era escolhidas por serem mais jovens e terem uma melhor aparência que as empregadas comuns.
A educação era normalmente ministrada por um tutor/professor pago pela família aos garotos - as garotas tinham uma educação básica, apenas o necessário para suas tarefas e diversões de casadas. Após certo tempo, os jovens do sexo masculino eram enviados a faculdades (Eton ou Oxford, por exemplo), onde tinham no currículo as línguas Latina e Grega; Ciências, História, Literatura Inglesa e Línguas Estrangeiras foram adicionadas a partir dos anos 1880.
"The Poor Teacher", por Richard Redgrave.
Vamos à última observação: a moda. Especialmente
por conta da religião, a moda era a de vestidos fechados do pescoço ao pé (indo
além, inclusive). A parte do quadril, na moda vitoriana, era um problema para
as mulheres, por ser muito larga; era difícil acomodar-se nos assentos com
tantos tecidos para ocupar espaço. Vestidos que deixavam o colo à mostra eram
utilizados basicamente em eventos sociais - o cotidiano não permitia o uso
deles. A moda masculina não costumava ser tão cheia de complicações, se
restringindo a coletes, gravatas, longas casacas... Ou seja, peças que ainda
hoje persistem no armário dos homens, ainda que levemente adaptados.
Referências:
KarenWhimsy.com - pelas imagens sem legenda embaixo.
VictorianWeb.org - pelas imagens "The Poor Teacher" e "Social Perseverance".
Fashion-Era.com - pelas imagens restantes e pela maioria das informações.
Emma - A Victorian Romance (ou "Eikoku Koi Monogatari Emma"), mangá de Kaoru Mori - porque apesar das liberdades artísticas, as notas históricas me ajudaram a complementar o material.
Referências:
KarenWhimsy.com - pelas imagens sem legenda embaixo.
VictorianWeb.org - pelas imagens "The Poor Teacher" e "Social Perseverance".
Fashion-Era.com - pelas imagens restantes e pela maioria das informações.
Emma - A Victorian Romance (ou "Eikoku Koi Monogatari Emma"), mangá de Kaoru Mori - porque apesar das liberdades artísticas, as notas históricas me ajudaram a complementar o material.
http://sputnikvanik.blogspot.com.br/2007/03/comportamento-social-na-inglaterra.html

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